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== Biografia ==

Bartira era uma das filhas do famoso cacique [[Tibiriçá]], um importante líder [[Tupiniquins|tupiniquim]], e casou-se com o degredado português [[João Ramalho]] nos costumes locais. Posteriormente,tal união simbolizou o início da sociedade colonial no planalto paulista. Nas primeiras décadas do século XVI, era relativamente comum que náufragos e degredados assumissem posições de prestígio nas sociedades locais ao se casarem com mulheres indígenas. Na época, estas relações entre as nativas e os europeus eram a forma como as alianças políticas e diplomáticas eram construídas em várias partes dos impérios coloniais europeus.<ref>{{citar livro|url=https://drive.google.com/file/d/1XbLlKuaE-33hd5e5RfTrBrIsyy9bA8A6/view|título="As Mulheres Indígenas na Formação do Brasil: Historiografia, agências nativas e símbolos nacionais". In: Elisa Frühauf Garcia & Georgina dos Santos (Orgs.), Mulheres do mundo Atlântico: Gênero e condição feminina da época moderna à contemporaneidade|ultimo=Garcia|primeiro=Elisa|editora=Fino Traço|ano=2020|local=Belo Horizonte|página=27|páginas=46|isbn=9786589011170}}</ref> Tais uniões poderiam atender aos interesses das próprias nativas, permitindo que elas e suas famílias  tivessem acesso a bens materiais e políticos que fortaleciam os seus grupos de origem. O casamento com João Ramalho presumivelmente ocorreu em 1515, tendo durado mais de quarenta anos. Recebeu o nome de Isabel Dias ao ser batizada na religião [[Igreja Católica|católica]] pelos [[Companhia de Jesus|Jesuítas]], no planalto de [[Piratininga]]. O casal teve oito filhos juntos, dos quais descenderam os principais membros das famílias da elite paulista colonial.<ref name="Não_nomeado-20230316141157">GODOY, Silvana Alves de. Mestiçagem, guerras de conquista e governo dos índios: a vila de São Paulo na construção da monarquia portuguesa na América (séculos XVI e XVII). Tese apresentada ao PPGHIS do Departamento de História da UFRJ, Rio de Janeiro, 2016.</ref>

=== Casamento ===

Bartira foi casada com o  português João Ramalho que, aliás, já era casado em terras portuguesas com Catarina Fernandes das Vacas. Mesmo com a ''petra scandali'' envolvendo João Ramalho e a adoção da vida indígena por parte do português, a Igreja via no casamento de ambos uma grande oportunidade para a conversão dos nativos por Bartira ser filha de Tibiriçá, líder indígena muito respeitado e de grande ajuda na conquista portuguesa do planalto paulista.<ref>NÓBREGA, Manoel da. Cartas jesuíticas. Cartas do Brasil 1549-1560. Rio de Janeiro: Oficina Industrial gráfica, 1931.</ref> O casal teve oito filhos: três mulheres e cinco homens. As mulheres casaram-se com portugueses recém-chegados que desempenharam importantes papéis políticos e econômicos na região. Joana Ramalho foi casada com Jorge Ferreira, que foi capitão mor da capitania de Santo Amaro e depois ouvidor da capitania de São Vicente. Além dela, Margarida Ramalho e Antônia Quaresma. Dentre os filhos, André Ramalho, o mais velho, é conhecido por ter acompanhado o padre Manuel da Nóbrega no sertão, a pedido do pai, para realizar trabalho com os índios. Os demais eram Vitório/Vitorino Ramalho, Marcos Ramalho, João/Jordão Ramalho e Antônio de Macedo (pai de Francisco Ramalho de Macedo, também conhecido como Tamarutaca, senhor da aldeia de Gunga). Joana Ramalho foi casada com Jorge Ferreira , André Ramalho foi casado com Maria Paes , Antônia Ramalho foi casada com Bartolomeu Dias Nunes Camacho. Não foram encontrados os nomes dos cônjuges de Margarida, Vitório , Marcos , João e Antônio Ramalho.<ref>GODOY, Silvana Alves de. Mestiçagem, guerras de conquista e governo dos índios: a vila de São Paulo na construção da monarquia portuguesa na América (séculos XVI e XVII). Tese apresentada ao PPGHIS do Departamento de História da UFRJ, Rio de Janeiro, 2016.<name="Não_nomeado-20230316141157"/ref> Além dos filhos tidos com Bartira, a prole de João Ramalho com outras mulheres era tão numerosa que [[Tomé de Sousa]] não ousava contar.

=== Morte ===